Protocolo Internet Solar interliga servidores alimentados por energia renovável

Redação do Site Inovação Tecnológica - 17/03/2022

Mapa da exposição solar ao longo de 24 horas em cada servidor de rede rodando o Protocolo Solar.
[Imagem: Tega Brain/Benedetta Piantella]

Inteligência natural

Um novo protocolo de internet, batizado de "Protocolo Solar", pretende interligar servidores de rede que sejam alimentados por energia solar ou outras formas de energia renovável.

A rede leva em consideração o fato de que os servidores, alimentados individualmente por painéis fotovoltaicos, estão localizados em diferentes fusos horários, diferentes climas e diferentes estações do ano (nos hemisférios Norte e Sul), direcionando o tráfego para onde quer que o Sol esteja brilhando.

Quando um navegador faz uma solicitação para ver o site hospedado na rede que segue o Protocolo Solar, a solicitação é automaticamente roteada para o servidor da rede cujos painéis solares estiverem gerando mais energia.

"O projeto catalisou conversas sobre inteligência artificial e automação, já que o tráfego de usuários na rede é decidido pela energia solar, então estamos usando inteligência natural e dinâmica versus um modelo de aprendizado de máquina orientado a dados; é uma proposta alternativa. Por que não pensar sobre os limites planetários como inteligência? Afinal, eles moldarão o futuro da vida na Terra, gostemos ou não," disse Tega Brain, uma dos idealizadoras da internet solar.

A rede começou com cerca de uma dúzia de servidores mantidos por voluntários em todo o mundo, mas a equipe espera ver este número aumentar rapidamente, sobretudo com o apoio recém-obtido da Fundação Mozilla, que apoia o desenvolvimento de tecnologias de código aberto em áreas como privacidade online, inclusão e descentralização da internet.

"Isso não é de forma alguma uma alternativa à internet, então o objetivo aqui não é escaloná-lo. Mas estamos publicando o sistema como um padrão aberto, o que significa que, teoricamente, qualquer pessoa poderia lançar uma rede semelhante - digamos, uma rede dos museus de arte," acrescentou sua colega Piantella Benedetta, também da Universidade de Nova York, onde o projeto foi lançado.

O roteamento lógico da rede é determinado pela posição da Terra em relação ao Sol.
[Imagem: Tega Brain/Benedetta Piantella]

Protocolo Solar

Em um forte contraste com os serviços da web que usamos hoje, que direcionam o tráfego de rede de forma algorítmica para qualquer servidor que forneça o tempo de resposta mais rápido - geralmente o mais próximo geograficamente - o Protocolo Solar usa a interação do Sol com a Terra como pedra angular.

Assim como o Sol molda os comportamentos diários, as atividades sazonais e a tomada de decisão de quase todas as formas de vida, afirmam Brain e Benedetta, torna-se "lógico" usar o mesmo ciclo diurno/noturno para automatizar as decisões na rede digital.

"Falamos sobre a internet como a nuvem, por exemplo, e tendemos a usar a linguagem da magia para descrevê-la, não fazendo nenhuma conexão com o quão intensivo de recursos ela realmente é," disse Brain. "Assim, as pessoas que se envolvem no projeto, como administradores de servidores, ficam muito em contato com sua realidade material e com o que é necessário para configurar um servidor alimentado pelo Sol. Você começa a tomar diferentes decisões de projeto; pensa nos limites planetários e repensa a política da internet."

A preocupação com a sustentabilidade da internet cresceu com o advento das grandes centrais de dados, que podem consumir tanta energia quanto uma cidade, e, mais recentemente, com a disseminação das transações por cadeias de bloco, sobretudo as criptomoedas e as NFTs.

A pegada de carbono de uma única transação de criptomoeda, por exemplo, é equivalente a mais de 300.000 transações com cartão de crédito, o que é muito, mesmo que ainda não saibamos bem qual é a pegada de carbono de uma transação de cartão de crédito.

Mais informações sobre o Protocolo Solar podem ser obtidas no site do projeto, no endereço http://solarprotocol.net.

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