Redação do Site Inovação Tecnológica - 08/12/2025

Resina de pinus
A extração de resina das árvores de pinus pode ser tão rentável quanto o aproveitamento da madeira, constatou uma equipe de pesquisadores do Brasil e da Espanha.
O pinus é cultivado principalmente para fornecer matéria-prima para a indústria de papel e celulose, mas Martin Rodriguez e colegas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP) e das universidades Politécnica de Madri e Santiago de Compostela analisaram três serviços ecossistêmicos oferecidos por essas florestas plantadas: A madeira, a resina e o sequestro de carbono.
As árvores do gênero Pinus apresentam um fenômeno de exudação que gera uma resina de grande valor industrial. Uma vez destilada, essa resina fornece uma fração volátil, chamada terebentina, e uma fração fixa, o breu. A terebentina é usada como solvente de tintas e como matéria-prima nas indústrias química e farmacêutica, enquanto o breu é usado em tintas, vernizes, plásticos, lubrificantes, adesivos e várias outras aplicações.
Os pesquisadores criaram então um modelo para analisar a melhor forma de combinar a produção dos três elementos (madeira, resina e carbono) e determinar a idade ideal para o corte das árvores, de modo a alcançar a máxima rentabilidade.
Para não criar nenhum empecilho à exploração atual, os pesquisadores basearam inicialmente seus modelos no pressuposto de que a extração de resina ocorre apenas durante os três anos anteriores à colheita final para extração da madeira. Além disso, eles exploraram a existência de condições em que a produção de resina possa ser considerada complementar ou subordinada à produção de madeira.
Vale tanto quanto a madeira
Os resultados dos modelos indicam que a incorporação dos serviços de resina e carbono à extração da madeira não altera substancialmente a idade ideal de colheita nas plantações, considerando as condições tanto para o Brasil quanto para a Espanha.
No entanto, a rentabilidade econômica das plantações melhora significativamente quando esses dois serviços adicionais são considerados. "Em particular, a produção de resina contribui significativamente para o aumento da renda que o proprietário pode receber, reformulando a visão tradicional que a considerava um produto secundário ou complementar à madeira," observou o professor Luis Balteiro.
E o resultado econômico pode ser ainda melhor, mas para isso será necessário coletar dados mais detalhados sobre a quantidade da resina produzida pelas árvores de acordo com sua idade e com o tipo de manejo, a fim de alcançar um planejamento florestal ideal - os dados disponíveis cobrem apenas a prática atual, de extração da resina nos três anos anteriores ao corte.
"Na verdade, observa-se que, em alguns cenários, a produção de resina tem um valor econômico comparável ao da madeira, o que sugere que sua gestão deva receber maior prioridade," destacou o professor Balteiro.