Redação do Site Inovação Tecnológica - 20/10/2025
Sensor de contaminantes em bebidas
Pesquisadores brasileiros criaram um sensor que identifica rapidamente a presença de um composto químico que, embora aprovado para uso em alimentos industrializados, não é regulamentado para uso em bebidas, onde pode ser tornar muito perigoso.
O sensor detecta o nitrito de sódio (NaNO2) em amostras de diferentes tipos de bebidas, já tendo sido testado em vinho, água mineral e suco de laranja.
Esse sal inorgânico é usado como conservante e fixador da cor rosa ou vermelha em produtos como presunto, bacon e salsichas. Porém, dependendo da quantidade ingerida, o nitrito de sódio pode provocar problemas de saúde graves, levando à formação de nitrosaminas, compostos cancerígenos. Pela legislação brasileira atual (data da publicação desta reportagem) a soma de nitritos e nitratos, expressa como nitrito de sódio, não deve superar 0,015 g/100g de produto final (ou 150 mg/kg).
"Esse risco nos motivou a desenvolver uma forma simples, rápida e acessível de detectar o composto e garantir a qualidade e a segurança do consumo dos líquidos," conta o professor Bruno Janegitz, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). "A detecção [de NaNO2] em bebidas, especialmente vinhos, é importante para o controle de qualidade, uma vez que seu uso não é legalmente permitido no Brasil e na maioria dos países."
Para facilitar o uso do sensor, a equipe usou ponto de partida a cortiça, o material comumente usado na fabricação das rolhas de garrafa, sobretudo de vinho.
Sensor na rolha de vinho
O sensor é fabricado diretamente sobre a rolha, com uma espécie de gravação a laser. A luz do laser transforma a camada superficial da cortiça em grafeno, uma das formas do carbono que é altamente condutora de eletricidade.
"Esse processo é sustentável, dispensa reagentes tóxicos e resulta em um material altamente condutor, o que é essencial, pois o nitrito possui um eletroquímico de oxidação bem conhecido. Então, precisamos de um sensor muito condutor para que detecte o composto," explicou Janegitz.
Em seguida, a cortiça recebe um revestimento para tornar a rolha à prova d'água, evitando que algum líquido consiga se infiltrar na camada condutora de grafeno e comprometa a resposta do sensor. Adicionalmente, uma camada de esmalte pode ser usado para delimitar a área do sensor, que está pronto tão logo a tinta seque.
Os testes mostraram que o sensor tem excelente desempenho, com alta sensibilidade e boa estabilidade, detectando o nitrito em concentrações compatíveis com as relevantes para a segurança alimentar e ambiental. Agora a equipe pretende entrar na fase de desenvolvimento, preparando o sensor para uso industrial.
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