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Técnica de enxertia chega às monocotiledôneas e pode revolucionar agricultura

Redação do Site Inovação Tecnológica - 27/12/2021

Técnica de enxertia chega às monocotilidôneas e pode revolucionar agricultura
Tamareira após o enxerto: O detalhe mostra uma região na base da planta, com a ponta da seta apontando para o local do enxerto.
[Imagem: Julian Hibberd]

Enxerto de monocotiledôneas

Uma equipe de agrônomos e biólogos do México, Reino Unido e Suécia fez uma descoberta envolvendo a tradicional técnica de enxertos de plantas que, segundo eles, tem potencial para revolucionar a agricultura mundial.

Enxertia é a técnica de unir o broto de uma planta com o suporte de outra, que fornece o sistema radicular, para que ambas continuem a crescer como uma só.

Até agora, os cientistas acreditavam que era impossível enxertar plantas do grupo conhecido como monocotiledôneas, porque elas não possuem um tipo de tecido específico, denominado câmbio vascular, em seu caule.

Mas Gregory Reeves e seus colegas comprovaram o contrário, combinando duas espécies de plantas desse grupo usando tecido embrionário de suas sementes. Até agora eles já confirmaram o funcionamento do enxerto na banana, arroz, trigo, abacaxi, cebola, agave-azul (fonte da tequila) e tamareira.

Eles descobriram que os tecidos da raiz e do caule, retirados das sementes das monocotiledôneas - representando seus primeiros estágios embrionários - se fundem com eficiência, produzindo o enxerto.

Técnica de enxertia chega às monocotilidôneas e pode revolucionar agricultura
Plantas de aveia e trigo após receberam a enxertia.
[Imagem: Gregory Reeves et al. - 10.1038/s41586-021-04247-y]

Enxertia patenteada

A técnica permite que características benéficas, como resistência a doenças ou tolerância ao estresse, sejam adicionadas às plantas. A equipe já está trabalhando para combater o mal-do-Panamá, que destrói plantações de banana há mais de 30 anos.

Estima-se que existam 60.000 plantas no grupo das monocotiledôneas, muitas das quais são cultivadas em grande escala, como arroz, trigo e cevada.

"Nós conseguimos algo que todos diziam ser impossível. O enxerto de tecido embrionário tem potencial real em uma variedade de espécies semelhantes às gramíneas. Descobrimos que mesmo as espécies que são parentes distantes, separadas por um tempo evolutivo profundo, são compatíveis com o enxerto," disse o professor Julian Hibberd, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.

A enxertia tem sido amplamente usada desde a antiguidade em outro grupo de plantas, chamadas dicotiledôneas. Colheitas de pomares dicotiledôneas, incluindo maçãs e cerejas, e colheitas anuais de alto valor, incluindo tomates e pepinos, são rotineiramente produzidas em plantas enxertadas porque o processo confere propriedades benéficas - como resistência a doenças ou floração precoce.

A expectativa é que um progresso semelhante possa agora ocorrer em todas as culturas de monocotiledôneas. A equipe de cientistas, contudo, patenteou a técnica, e deverá cobrar pelo seu uso por meio de uma empresa que eles estão fundando com a ajuda da universidade.

Bibliografia:

Artigo: Monocotyledonous plants graft at the embryonic root-shoot interface
Autores: Gregory Reeves, Anoop Tripathi, Pallavi Singh, Maximillian R. W. Jones, Amrit K. Nanda, Constance Musseau, Melanie Craze, Sarah Bowden, Joseph F. Walker, Alison R. Bentley, Charles W. Melnyk, Julian M. Hibberd
Revista: Nature
DOI: 10.1038/s41586-021-04247-y
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