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Ciência precisa de ousadia para quebrar paradigmas e não se tornar conservadora

Thiago Romero - Agência FAPESP - 13/11/2007

Ciência precisa de ousadia para quebrar paradigmas e não se tornar conservadora

Inspirado nas idéias do norte-americano Thomas Kuhn (1922-1996), um dos mais influentes historiadores e filósofos da ciência, Francisco (Xico) Graziano Neto, secretário de Estado do Meio Ambiente, aponta que "a ciência tende a se tornar conservadora à medida que os pesquisadores constroem paradigmas de pensamento que se perpetuam no tempo e dificilmente são rompidos".

Paradigmas não são definitivos

Em palestra realizada na abertura do 58º Congresso Nacional de Botânica em São Paulo, o pesquisador afirmou que os paradigmas científicos, apesar de surgirem de idéias originais que unem os pesquisadores em torno de uma mesma teoria ou metodologia, também podem limitar, em vez de consolidar o conhecimento.

"Com a realização de estudos que criam teorias inovadoras, os paradigmas começam a aprisionar os cientistas. Isso ocorre principalmente quando, nas universidades brasileiras, os paradigmas são transformados em manuais que são utilizados por várias gerações, muitas vezes sem levar em conta a evolução da ciência. Se não tomarmos cuidado, as pesquisas tendem não apenas a ficar conservadoras como também a perder "criatividade", afirmou.

Pesquisas inovadoras exigem ousadia

Para Graziano, esse aprisionamento em modelos antigos limita a ousadia dos pesquisadores pela busca de novos saberes em linhas inovadoras. "É claro que temos que considerar teorias que ajudam a sedimentar as pesquisas, mas elas nem sempre levam a novas descobertas", apontou.

Engenheiro agrônomo e ex-professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Jaboticabal (SP), Graziano destacou que, uma vez que os paradigmas científicos estão em constante modificação, encontros como o Congresso Nacional de Botânica "são essenciais para motivar os jovens pesquisadores a descobrir o valor do novo".

Dinâmica conservadora da ciência

A necessidade de rompimento com essa "dinâmica conservadora da ciência", segundo ele, também é assunto recorrente nos trabalhos de gestores da Secretaria do Meio Ambiente e de membros de institutos de pesquisas a ela vinculados. "Fazer a gestão pública da pesquisa científica é extremamente complexo, uma vez que os governos são temporários enquanto a ciência é permanente", disse.

Para incentivar o processo de renovação científica, a secretaria enfocou importantes desafios da atualidade ao traçar quatro grandes temas prioritários para a gestão ambiental do estado, em termos de apoio político e aplicação de recursos financeiros em pesquisas: Mudanças Climáticas Globais, Biodiversidade e Conservação, Recursos Hídricos e Bioprospecção. "Como a ciência deve ter seu valor fundamental independentemente dos governos, essas prioridades não devem impedir o avanço científico de outras áreas ambientais", disse Graziano.

Pesquisa ambiental

O gerenciamento de estudos nessas quatro áreas do conhecimento integra o "Pesquisa Ambiental", um dos 21 grandes programas e iniciativas ambientais mantidos pela Secretaria do Meio Ambiente. O programa inclui uma aproximação da secretaria com o programa Biota-FAPESP, que Graziano considera "um dos maiores exemplos em termos de conhecimento para a conservação da biodiversidade paulista".

A parceria deu origem à utilização dos mapas temáticos do programa Biota-FAPESP, pelos pesquisadores da secretaria, em procedimentos de gestão e manejo florestal. Os mapas foram elaborados a partir de 3.326 espécies vegetais e animais, de modo a subsidiar ações de planejamento, fiscalização e recuperação da biodiversidade. A coleta de dados contou com a participação de 160 pesquisadores de instituições paulistas.

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