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Meteorito quase puro mostra riqueza incomum de compostos orgânicos

Redação do Site Inovação Tecnológica - 28/10/2020

Meteorito quase puro mostra riqueza incomum de compostos orgânicos
Hamburgo, fragmento de um meteorito colhido rapidamente sobre um lago congelado, antes que pudesse ser muito alterado pelo intemperismo terrestre.
[Imagem: Field Museum]

Compostos orgânicos

Um meteorito que caiu em um lago congelado em Michigan, nos EUA, está causando alvoroço entre os cientistas porque foi rapidamente recuperado - antes de sofrer muitas "contaminações" da atmosfera e do solo terrestres - e por apresentar uma riqueza de compostos de carbono mesmo sendo de um tipo que normalmente não é rico nesses chamados compostos orgânicos.

Embora o termo "composto orgânico" seja rapidamente associado à vida - a vida na Terra é à base de carbono -, o termo não equivale a "compostos vivos", mas a substâncias químicas que contêm na sua estrutura carbono e ligações covalentes carbono-hidrogênio (C-H).

Quando o assunto é busca por indícios de vida fora da Terra, a escala de interesse começa nesses compostos orgânicos, segue em direção às moléculas orgânicas prebióticas - ou "pré-vida" - e chega nos chamados "blocos básicos da vida", já encontrados flutuando no espaço em asteroides e cometas - o cume de interesse, claro, estará na identificação de seres vivos, sejam fósseis ou não.

Meteorito quase puro

Ficar dois dias ao ar livre e sobre gelo de água não atende aos requisitos de pureza associados às amostras espaciais, mas a grande quantidade de compostos de carbono no interior do meteorito não deixa dúvidas de que eles mostram condições que a rocha já possuía no espaço.

Segundo a equipe, "os fragmentos de rocha estudados mostram nenhum ou poucos sinais de intemperismo terrestre".

"Este meteorito é especial porque caiu em um lago congelado e foi recuperado rapidamente. Ele estava muito puro. Pudemos ver que os minerais não foram muito alterados e depois descobrimos que ele continha um rico estoque de compostos orgânicos extraterrestres," disse o professor Philipp Heck, da Universidade de Chicago. "Esses tipos de compostos orgânicos provavelmente foram trazidos para a Terra primitiva por meteoritos e podem ter contribuído para os ingredientes da vida."

Meteorito quase puro mostra riqueza incomum de compostos orgânicos
Os padrões regulares nos gráficos correspondem às mudanças incrementais na química (massa) e abundância (intensidade dos sinais) conforme aumenta a massa molecular. Os incrementos sistemáticos de massa dos sinais mostram séries químicas homólogas das pequenas moléculas como testemunhas da história das transformações químicas (ou seja, hidratação, hidrogenação, hidroxilação e metilação).
[Imagem: Philipp R. Heck et al. - 10.1111/maps.13584]

Compostos orgânicos no meteorito

"A análise de massa exata resultou em 2.600 composições elementares no espaço elementar CHNOS [compostos orgânicos], com os hidrocarbonetos polares sendo os mais abundantes, seguidos por compostos contendo enxofre e nitrogênio. Contabilizando vários isômeros, nós confirmamos dezenas de milhares de moléculas orgânicas complexas estruturalmente diferentes," escreveu a equipe.

A análise mostrou que o meteorito, batizado de Hamburgo, é um condrito H4. Apenas 4% de todos os meteoritos que caem na Terra atualmente são desse tipo, e normalmente não apresentam grande riqueza de moléculas orgânicas. Mas isto pode se dever não às características intrínsecas deste meteorito em particular, mas do fato de que ele tem sido mais estudado do que seus companheiros.

"Este meteorito mostra uma grande diversidade de orgânicos, considerando que, se alguém se interessasse por estudar orgânicos, normalmente este não é o tipo de meteorito que pediria para ver. Mas, como tem havido tanta empolgação em torno dele, todos queriam aplicar sua própria técnica, então temos um conjunto de dados incomumente abrangente para um único meteorito," justificou Heck.

Bibliografia:

Artigo: The fall, recovery, classification, and initial characterization of the Hamburg, Michigan H4 chondrite
Autores: Philipp R. Heck, Jennika Greer, Joseph S. Boesenberg, Audrey Bouvier, Marc W. Caffee, William S. Cassata, Catherine Corrigan, Andrew M. Davis, Donald W. Davis, Marc Fries, Mike Hankey, Peter Jenniskens, Philippe Schmitt-Kopplin, Shannon Sheu, Reto Trappitsch, Michael Velbel, Brandon Weller, Kees Welten, Qing-Zhu Yin, Matthew E. Sanborn, Karen Ziegler, Douglas Rowland, Kenneth L. Verosub, Qin Zhou, Yu Liu, Guoqiang Tang, Qiuli Li, Xianhua Li, Zoltan Zajacz
Revista: Meteoritics & Planetary Science
DOI: 10.1111/maps.13584
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