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Asteroide interstelar 'Oumuamua ainda pode ser sonda alienígena, dizem astrofísicos

Redação do Site Inovação Tecnológica - 16/11/2021

Asteroide interstellar 'Oumuamua ainda pode ser sonda alienígena, dizem astrofísicos
Este asteroide, o primeiro visto pelo homem vindo de outras estrelas, continua misterioso.
[Imagem: ESO/M. Kornmesser]

Icebergue de nitrogênio

Acaba de ser desbancada a explicação natural mais plausível para o 'Oumuamua, o primeiro corpo celeste interestelar descoberto pela humanidade.

O estranho asteroide passou pelo Sistema Solar em Outubro de 2017 a uma velocidade rápida demais para um corpo que pertencesse ao Sistema Solar, o que lhe garantiu a designação 1I/2017 U1, onde 1I indica primeiro objeto interestelar conhecido.

Acontece que ele partiu daqui ainda mais velozmente, apresentando uma surpreendente aceleração que não pode ser explicada pelo puxão gravitacional do Sol. E, apesar de todos os telescópios terem se voltado para ele, ninguém descobriu qualquer sinal de ejeções de material, como acontece nos cometas, que poderiam funcionar como "propelentes".

Sem explicações ou teorias, alguns cientistas até levantaram a hipótese de que o 'Oumuamua seria uma sonda alienígena.

Mas, em Março deste ano, dois astrofísicos da Universidade do Arizona, nos EUA, afirmaram ter descoberto a origem e composição do 'Oumuamua.

Para eles, o candidato a sonda alienígena seria na verdade um "icebergue de nitrogênio", um bloco congelado formado a partir de corpos celestes similares a Plutão - não o nosso planeta anão Plutão, mas os "plutões" do sistema planetário onde o 'Oumuamua se originou. A evaporação do nitrogênio, aquecido conforme o asteroide se aproximava do Sol, poderia explicar a estranha aceleração, já que não poderia ser detectada pelos telescópios.

Além disso, eles sugeriram que o asteroide não teria a forma de charuto, mas de uma panqueca.

Asteroide interstellar 'Oumuamua ainda pode ser sonda alienígena, dizem astrofísicos
A proposta de que o objeto interestelar 'Oumuamua tem forma de panqueca não passou pelos primeiros testes.
[Imagem: William Hartmann]

Considerar todas as possibilidades

Agora, Amir Siraj e Abraham Loeb, da Universidade de Harvard, nos EUA, afirmam ter descartado totalmente a hipótese "icebergue de nitrogênio".

"A conclusão de que 'Oumuamua é um icebergue de nitrogênio é falha porque não há nitrogênio suficiente no Universo para fazer um objeto como o 'Oumuamua, que tem algo entre 400 e 800 metros de comprimento e entre 35 e 167 metros de largura," afirma a dupla.

No Sistema Solar, por exemplo, gelo de nitrogênio só foi encontrado em Plutão, compondo cerca de 0,5% de sua massa. Assim, não é razoável supor que um planeta gelado seja a origem de um corpo celeste com 100% de nitrogênio porque qualquer pedaço que fosse arrancado dele deveria ter uma composição próxima da média, com rochas e diversos tipos de gelo.

Contudo, mesmo que todo o nitrogênio fosse cuidadosamente minerado de todos os planetas parecidos com Plutão que se calcula existirem, ainda assim não haveria nitrogênio suficiente para fazer o 'Oumuamua, demonstrou a dupla.

Os dois astrofísicos defendem que a comunidade científica não deve ficar propondo explicações exóticas quando não há nenhuma argumentação razoável para defendê-las, e que, por enquanto, é melhor conviver com a incerteza, que permitirá que todas as hipóteses apresentadas sejam analisadas de forma ponderada - incluindo a de que 'Oumuamua possa ser uma sonda alienígena.

Bibliografia:

Artigo: The mass budget necessary to explain ‘Oumuamua as a nitrogen iceberg
Autores: Amir Siraj, Abraham Loeb
Revista: New Astronomy
DOI: 10.1016/j.newast.2021.101730
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