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Robótica

Girinos ciborgues recebem implantes que se incorporam ao seu cérebro

Redação do Site Inovação Tecnológica - 16/06/2025

Girinos ciborgues crescem com implantes que controlam seu cérebro
Esquema da implantação gradual dos componentes eletrônicos de malha macia no cérebro do girino.
[Imagem: Liu Lab/Harvard SEAS]

Bioeletrônica

Em um experimento capaz de causar arrepios nos mais sensíveis, cientistas implantaram um chip flexível em girinos, que então cresceram normalmente e se transformaram em sapos, com o chip passando não apenas a fazer parte do animal adulto, mas permitindo monitorar seu cérebro.

Hao Sheng e seus colegas da Universidade de Harvard, nos EUA, primeiro desenvolveram um dispositivo bioeletrônico macio, fino e elástico, e então o implantaram na placa neural do embrião de girino, a estrutura plana em estágio inicial que se dobra para se tornar o cérebro e a medula espinhal do sapo.

Os experimentos demonstraram que o biochip se integra perfeitamente ao cérebro do animal à medida que ele se desenvolve, podendo então ser usado para registrar a atividade elétrica de células cerebrais individuais com precisão de milissegundos. Não foi observado nenhum impacto no desenvolvimento ou no comportamento normal: Todos os embriões viraram girinos saudáveis e pelo menos um deles foi mantido até se transformar em um sapo saudável.

A justificativa dos cientistas para seu experimento é que os "girinos ciborgues oferecem um vislumbre de um futuro no qual mistérios profundos do cérebro poderão ser esclarecidos, e doenças que se manifestam no início do desenvolvimento poderão ser compreendidas, tratadas ou curadas".

"Autismo, transtorno bipolar, esquizofrenia - tudo isso pode ocorrer em estágios iniciais do desenvolvimento," destacou o professor Jia Liu, coordenador da equipe. "Atualmente, não há como medir a atividade neural durante o desenvolvimento neural inicial. Nossa tecnologia realmente permitirá o alcance de uma área inexplorada."

Girinos ciborgues crescem com implantes que controlam seu cérebro
Nos axolotes, o chip não apenas registra a atividade elétrica neural, como também modula o processo de desenvolvimento por meio de estimulação elétrica.
[Imagem: Hao Sheng et al. - 10.1038/s41586-025-09106-8]

Eletrônica incorporada no animal

Várias equipes já inseriram eletrodos metálicos nos cérebros maduros de animais adultos para registrar a atividade elétrica de neurônios individuais com alta resolução. Avanços mais recentes em bioeletrônica semelhante à de tecidos, como os neurônios ciborgues desenvolvidos anteriormente pela própria equipe, tornaram o registro cerebral de células individuais ainda menos invasivo.

No entanto, em cérebros totalmente desenvolvidos os neurônios se interconectam em resoluções nanométricas; não importa quão macias e pequenas sejam as sondas cerebrais, implantá-las requer pelo menos algum dano neuronal.

Por isso a equipe se voltou para criar uma microeletrônica macia, flexível e não invasiva para cérebros. Primeiro eles incorporaram esses conjuntos de eletrodos, que têm a consistência do tofu, a células-tronco em placas de Petri. Os eletrodos se esticaram e se dobraram com o tecido em crescimento, criando organoides de coração e cérebro ciborgues.

Contudo, como os embriões são muito mais macios do que tecidos derivados de células-tronco, a equipe precisou usar novos materiais. A escolha recaiu nos elastômeros fluorados, que são tão macios quanto o tecido biológico, mas podem ser projetados em componentes eletrônicos altamente resilientes, capazes de suportar processos de nanofabricação e abrigar vários sensores para registrar a atividade cerebral.

Nos embriões dos vertebrados, o dobramento e a expansão da placa neural para dentro do tubo neural, que é o precursor do cérebro e da medula espinhal, envolvem mudanças morfológicas complexas em escalas de tempo de milissegundos. Ao integrar seu biochip extensível à placa neural, os pesquisadores demonstraram que é possível monitorar a atividade cerebral de forma estável e contínua durante cada estágio embrionário subsequente.

Bibliografia:

Artigo: Brain implantation of soft bioelectronics via embryonic development
Autores: Hao Sheng, Ren Liu, Qiang Li, Zuwan Lin, Yichun He, Thomas S. Blum, Hao Zhao, Xin Tang, Wenbo Wang, Lishuai Jin, Zheliang Wang, Emma Hsiao, Paul Le Floch, Hao Shen, Ariel J. Lee, Rachael Alice Jonas-Closs, James Briggs, Siyi Liu, Daniel Solomon, Xiao Wang, Jessica L. Whited, Nanshu Lu, Jia Liu
Revista: Nature
DOI: 10.1038/s41586-025-09106-8
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